O sangue lunar representa a própria força da criação, representa a dualidade da Mãe Divina: vida e fertilidade na fase da ovulação, morte e finalização na fase da menstruação. É bom observarmos que a palavra menstruação não faz sentido algum quando percebemos que nosso ciclo natural não é baseado no calendário gregoriano, nós não menstruamos (mensal) e sim lunamos (ciclo de 28 dias da lua), levando em consideração que cada mulher é unica e que o ciclo pode variar em torno de 28 dias.
A observação do ciclo lunar e sua relação com as fases da lua deram origem aos antigos conceitos da medição e passagem do tempo, seguindo o fluxo natural do Universo. A lunação era considerada um dom divino. A sincronicidade entre o fluxo lunar feminino e o ritmo lunar refletia o vinculo entre a Mãe Terra e a mulher, que guardava mistérios da vida em seu corpo e transmitia os poderes de criação, nutrição e sustentação de todo o Universo.
O propósito maior de reconectarmos com essa sabedoria ancestral é voltarmos a ser unas com a natureza e assim curarmos e fortalecermos nossa essencia feminina que é vital tanto para nossa cura em todos os niveis (fisico, mental, emocional e espiritual), quanto para a cura do planeta.
Na atual sociedade, a lunação é vista como uma desvantagem biológica, que tornam as mulheres instáveis emocionalmente e pouco produtivas. Alguns médicos até recomendam a suspensão artificial do ciclo, e isso gera consequencias nefastas nos niveis psiquicos e espirituais da mulher.
Nosso ciclo é visto dessa maneira erronea, devido as sociedades e culturas patriarcais que denegriram o poder sagrado da lunação, considerando-o um processo pernicioso e sujo, e levando à separação e isolamento das mulheres durante suas luas. As mulheres possuiam um grande poder e tinham consciencia disso, assim como a sociedade patriarcal também sabia desse poder e a única maneira de enfraquecer foi “roubando” o direito de honrar suas luas, como mostra a lenda abaixo:
“A deusa chinesa lunar Chang-O era a guardiã do sangue menstrual, considerado o elixir da imortalidade por ter o poder misterioso e sagrado da vida, da morte e do renascimento. Seu marido, invejando esse monopólio mágico, tentou roubá-lo. Revoltada, Chang-O se refugiou na Lua e proibiu a presença dos homens nos Seus festivais. Ela tornou-se a protetora das mulheres, que passaram a celebrar a Lua cheia somente entre elas, com canções, danças e exaltação do poder sagrado feminino, representado pelo sangue mesntrual, A Lua e a Deusa”
_ O Anuário da Grande Mãe, Mirella Faur
No tempo da lua, é essencial sim que a mulher se isole um pouco mais, pois é tempo de introspecção. Há um afastamento natural da sociedade, vem aquela vontade de ficar mais quietinha consigo mesma, pois internamente estamos vibrando a energia da Lua Minguante (tempo de limpeza interna, deixar fluir as aguas, extirpar o que tem que ser extirpado) e quando lutamos contra isso, estamos indo contra nossa natureza e o corpo reflete essa agressão com os desconfortos da chamada TPM.
Esse afastamento natural e ancestral da mulher, que se retira para as Tendas, Cabanas ou Templos lunares para interagir com seus aspectos sutis e as energias espirituais foi transformado no tabu da marginalização.
Para a cura e o fotalecimento da essencia feminina é vital a reprogramação dos conceitos e condicionamentos limitantes e seculares, revertendo a maldição do ciclo menstrual em consagração e celebração.
Os antigos Mistérios do Sangue relembrados e celebrados pelo atual movimento da espiritualidade feminina permitem a compreensão e percepção da natureza ciclica da mulher, vista e vivida pela experiecia individual e reverencia coletiva.
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